Desculpe o transtorno, preciso falar de preconceito (da forma certa!).

Nova coluna : Além do Senso Comum
 

Por Bruno Vergílio (Ironbrun)

 

A NFL é preconceituosa por ser um reflexo da sociedade americana. Ela é racista com negros, hispânicos e outras etnias desde que se tem notícia daquelas bandas. Dito isto, não podemos descolar a luta contra o preconceito da realidade dos fatos. Meus companheiros escreveram essa semana um artigo sobre o preconceito na posição de Quarterbacks na NFL que, embora concorde que há um preconceito lato senso, a política editorial do No Flags me permite discordar de alguns argumentos propostos para basear o referido artigo, expor tais discordâncias, respeitando as diferença de opiniões sobre os mais variados temas, admirar a capacidade argumentativa de meus colegas tornando a convivência sempre uma oportunidade de aprendizado.

O preconceito existe. Esse texto não nega desde a primeira linha, mas estamos tratando de esporte de alto rendimento, com altíssima audiência e, principalmente pros Donos e para a NFL como instituição não é uma ferramenta de inclusão social, na medida em que os “manda chuva” não estão preocupados com o quanto de jovens terão oportunidades de serem atletas de futebol americano profissional, o que lhes importa é o lucro. Não importa a cor da pele do atleta... se este for fundamental para o sucesso, principalmente financeiro, da franquia. Então isso é a prova de quê não existe preconceito? Não! Apenas demonstra que a busca a todo custo pelo lucro está acima na lista de prioridades da pequenez de espírito dos donos de franquia. Se há inclusão social é mero reflexo da busca pelo lucro, essa é a verdade.

Quando olhamos apenas para a parte que importa aos fãs, a dominação do atleta negro em esporte que necessite de explosão e velocidade é inquestionável, não precisa ser especialista em genética para enxergar o óbvio! Mas se você não está convencido, estudos científicos apontados na célebre obra ”Fisiologia do Exercício: Nutrição, Energia e Desempenho Humano” por Mcardle, Katch e Katch apontam para fatores genéticos como membros mais longos e quadris mais estreitos nos atletas de raça negra como um fator importante na obtenção de resultados que produzem tal dominância. Importante ressaltar que tais características são apontadas como parte do processo de evolução da raça e adaptação à geografia e necessidade de sobrevivência como destacam Benedito Pereira e Tácito de Souza na obra “Dimensões Biológicas do Treinamento Físico”. Devemos lembrar também que apenas 42 anos após o homem romper a barreira dos 10 segundos nos 100 metros que um branco conseguiu tal feito. Sim...o negro é melhor em esportes que dependam de explosão e velocidade. Por favor...sem racismo reverso! A história não permite isso a quem tem um mínimo bom senso.

Mas o que isso tem a ver com a posição de Quarterback? Tudo! Talvez nos esportes coletivos não exista posição tão difícil quanto a de um Quarterback, onde o mínimo erro causa estragos incríveis. A concorrência é brutal e cruel, a ponto de um único erro acabar com uma carreira que poderia ser promissora, residindo aqui nosso questionamento. Tendo tamanha vantagem física sobre outras raças, não seria mais interessante aos jovens, devida tanta concorrência, buscar no Futebol Americano sua chance em outras posições onde suas valências podem ser um diferencial? Não é mais provável o sucesso de estando em uma unidade de 5 ou 6 jogadores que invariavelmente rotacionam, proporcionando a chance de mostrar o seu talento? Quarteback não sai. Quarteback não muda. No College e no High School nenhum Head Coach das maiores instituições está preocupado em desenvolver um Quarteback e sim em ganhar os jogos. Não é absurdo pensar que não é a única explicação para um número menor de Quarterbacks negros e hispânicos do que brancos no College e High School. Mas, para um jovem que tem no esporte sua chance na vida não deve ser fácil escolher entre a incerteza da posição mais difícil dos esportes e a mais provável chance de sucesso. O mundo não é binário, não existe apenas um fator para definir questão tão complexa quanto esta.

Chegando o período do draft vemos essa questão sempre vir à tona. Mas se olharmos para além do senso comum, veremos que o preconceito está regredindo, pois a sociedade está em evolução, e uma maior quantidade de Quarterbacks hispânicos e negros têm chegado no draft com alto grau de avaliação. No ano de 2008 os brancos eram 89% dos Quarterbacks da NFL e apenas 03 negros ou hispânicos, menos de 10%, eram titulares na liga, 10 anos depois esse número para passou para 08 titulares, com a perspectiva de mais 03 ou 04 negros serem titulares ano que vem. Ao olharmos para o draft a situação fica curiosa. Nos últimos drafts, no primeiro round, onde as franquias depositam suas maiores esperança para seu futuro, foram escolhidos 17 Quarterbacks brancos e 11 Quarterbacks negros ou hispânicos, são eles:



Negros/Hispânicos: Josh Freeman(2009), Mark Sanchez(2009), Cam Newton(2011), Robert Griffin III(2012)EJ Manuel (2013), Teddy Bridgewater(2014), Jameis Winston(2015), Marcus Mariota(2015), Patrick Mahomes(2017), Deshaun Watson(2017), Lamar Jackson(2018)

Brancos: Matthew Stafford(2009), Sam Bradford(2010), Jake Locke(2011), Blaine Gabbert(2011), Christian Ponder(2011), Andrew Luck(2012), Ryan Tannehill(2012), Brandon Weeden(2012), Johnny Manziel(2014), Jared Goff(2016), Carson Wentz(2016), Paxton Lynch(2016), Mitchell Trubisky(2017), Baker Mayfield(2018), Sam Darnold(2018), Josh Allen(2018), Josh Rosen(2018)

 

Se excluímos o último draft, que foi atípico para posição, a diferença entre negros/Hispânicos para brancos escolhidos no primeiro round seria de apenas 02 jogadores em favor dos brancos(12 x 10). Por mais que o preconceito exista, fica claro que nos últimos anos a distância entre o número de Quarterbacks negros ou hispânicos tem diminuído. Se contarmos Russell Wilson, um legitimo Top 5, Dak Prescott, Tyrod Taylor que foram escolhidos em rounds inferiores e ostentam ou ostentaram o posto de Quarterback número 1 de suas franquias, veremos que no fim do dia o que mais importa na NFL é ganhar independente da quantidade de melanina presente no seu corpo. Talvez na temporada 2019 tenhamos mais 2 jogadores neste seleto grupo de quarterbacks de primeiro round, Dwayne Haskins e Kyler Murray têm seus problemas, mas são os 2 melhores Quarterbacks do draft 2019.

É preciso entender o perigo que é fazer a defesa da luta contra o preconceito baseado nos nossos valores projetados nos donos de franquias. Não...eles não se importam se você é negro ou branco, não se importam se jogador vai ter concussão aos montes até que, já aposentado, descubra que possua Encefalopatia Traumática Crônica(ETC). Eles não ligam para cor da pele dos atletas, porque eles não ligam para os atletas. A eles só importa o lucro. Só importam as verdes, não o preto, nem o branco.

 

Comentários

Dá um tempo cara, tem racismo na posição de punter também né? tinha que ser do noflags...

Em um esporte onde a minoria é branca ela ainda é racista? Hoje o exercício é ver um branco e dizer que ele está tomando o espaço do alguém. Coitado dos asiáticos, não tem movimento então ninguém lembra, e irlandeses, tem o suficiente deles para você na NFL? e judeus? CARAMBA, olha ai o preconceito....os árabes com certeza não tem o suficiente. NBA e MLB são racistas também ou estão boas? Tem outra posição racista também, goleiro, a maioria é branco. Puta racismo. Cê tá de parabéns mermão.

Excelente texto, no ponto.

Bruno esse é um tema bem controverso, nos EUA o racismo é muito forte e a posição de Quaterback é premium. Podemos pensar que isso de ter poucos Qbs negros é bobeira, mas vamos lembrar que eles tem uma predominância em várias posições.
A quantidade de Qbs chegando no Draft está aumentando, provavelmente isso se deve ao aumento no College e o sucesso de Qbs negros na NFL que contagia outros negros a se arriscarem na posição.
Vamos lembrar que não temos ideia do que rola com os jovens almejando essa posição, já tivemos Qb no Draft ouvindo de scouts que ele deveria ser Wide Receiver.

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