Coach na Gringa - Armando Gomes de Melo Junior

Por Brendon Rezei

 

No mês passado, foi apresentado aqui no 10jardas, em parceria com o podcast NoFlags, um projeto chamado Coach na Gringa, no qual seria relatada a empreitada do treinador Bruno Barandas nos Estados Unidos. Nele são apresentadas as experiências do ponto de vista de um treinador brasileiro do futebol americano jogado a nível profissional, bem como são sanadas as dúvidas de quem acessa o 10 jardas e o NoFlags e tem curiosidade para saber mais sobre cenário competitivo.

 

É fato que cada vez mais o público brasileiro tem se apaixonado pelo futebol americano, bem como tem ganhado cada vez mais espaço nele. A nível profissional, a grande referência é o kicker Cairo Santos, que virou embaixador da NFL no Brasil e tem feito cada vez mais pessoas acreditarem que é possível o país ganhar mais notoriedade no esporte. Outros kickers também fazem sucesso em divisões principais do college football, mas o caso do Bruno Barandas é de grande importância para mostrar que o brasileiro tem muito mais a oferecer ao mundo do futebol americano do que somente chutar a bola oval.

 

Tendo isso em vista, hoje trouxemos outro relato de um brasileiro que foi se aventurar em terras norte-americanas em busca de um sonho. Ele, aliás, representa a integração de tudo o que foi relatado até aqui: alguém que tem como sonho destacar o Brasil no cenário do futebol americano e que também ama praticar o esporte.

 

O nome do aventureiro é Armando Gomes de Melo Junior, fundador do Ufersa Petroleiros, e que aceitou ser um dos treinadores da Royal Imperial Collegiate of Canada, uma high school em St. Catharines, Ontário. Os Knights, como é conhecida a equipe, disputam todos os seus jogos nos Estados Unidos e conta com alguns atletas bem ranqueados em sites de recrutamentos para universidades. Armando, que está desde Agosto no RICC, é um dos primeiros técnicos brasileiros de futebol americano a ter a oportunidade de passar uma temporada inteira no exterior e abaixo ele respondeu algumas perguntas sobre o seu trabalho e experiência até aqui. Confiram:

 

- Qual foi o seu primeiro contato com o futebol americano? Quando começou a acompanhar ou praticar o esporte? Conte um pouco da sua trajetória pelo esporte aqui no Brasil.

Meu primeiro contato com o futebol americano foi em 1996, quando a Band transmitiu o primeiro Super Bowl de rede aberta do Brasil, que foi o Super Bowl XXX entre Cowboys e Steelers. Essa final me fez torcedor dos Cowboys, porque assisti o jogo e vi os Cowboys serem campeões. A partir desse ponto, era mais "ah, gostei do jogo, acho massa e tal". Procurava filmes sobre o esporte, vídeo games e tudo mais, mas nada de conhecimento direto do jogo. Porém, em 2003, quando a ESPN começou a expandir o esporte em rede nacional, aí sim passei a acompanhar mais, entender mais do jogo, gostar mais do jogo, mas comecei a praticar o esporte mesmo em 2008. Desde 2003, quando comecei a assistir o esporte mais de perto, comprei uma bola, comecei a brincar, enfim... Mas em 2007, tive uma viagem com a faculdade para Fortaleza, capital do Ceará, e lá chegando descobri que no nordeste tinha times que jogavam futebol americano de areia na beira-mar. Aí uns caras disseram "pô, Mossoró é tão perto de Fortaleza, 200 e poucos quilômetros, monta um time lá em Mossoró que a gente vai jogar", Porque, tipo, Mossoró é uma cidade do interior, mas ela tem uma praia a quarenta quilômetros, então foi o que o pessoal de Fortaleza pensou "vamos montar um time em Mossoró, para jogar na praia próxima a Mossoró, e a gente joga outros jogos em Fortaleza". Só que para gente não tem essa facilidade de se deslocar para a praia em Mossoró, aí montei um time jogando na grama, mas no Nordeste não tinha ninguém jogando futebol americano na grama. Então descobrimos que em Fortaleza tinha outro time que se chamava Ceará Cangaceiros que treinava na grama já há muito tempo, só que ninguém tinha coragem de jogar contra. Então, em março de 2008, a gente fez um amistoso, o meu time de Mossoró que havia sido criado em janeiro de 2008, o Ufersa Petroleiros, contra o Ceará Cangaceiros. A partir daí, comecei essa agência de jogador e treinador de futebol americano.

Aí em 2008, montei esse time, atuei como atleta nas posições de quarterback, wide receiver e defensive back dos Petroleiros por quase oito anos. Só que chegou um momento em que eu, que desde criança sempre tive o sonho de representar o Brasil internacionalmente - a primeira coisa que tenho noção em vida, o primeiro evento esportivo, foram as Olimpíadas de 1982 em Barcelona, então o Brasil foi campeão do vôlei em 92 e tendo aquela emoção com seis anos de idade, vendo os brasileiros ganhando as medalhas e tal - Só imaginei: um dia quero isso para mim. Só que nunca pude me dedicar ao máximo a ser atleta, porque atleta você tem que ter um investimento financeiro alto, ter uma alimentação controlada e tudo mais, e meus pais sempre diziam: "não, vai estudar meu filho, porque é a melhor coisa a ser feita". Quando montei o time de futebol americano já era financeiramente estável e já conseguia me manter. Comecei a jogar com 21 anos, isso em 2008, e era tarde para tentar a vida como atleta. Então eu, como aluno de educação física prestes a me formar, decidi tomar o rumo de treinador. Em 2015 a Seleção Brasileira de Futebol Americano participou da Copa do Mundo, botei na cabeça "pô, é isso que quero e essa vai ser minha chance de representar o Brasil internacionalmente como treinador. Em 2019 quero estar lá na comissão técnica da Seleção Brasileira principal". Ano passado atingi uma parte do objetivo, que é assumir a seleção brasileira sub-19, sou um dos auxiliares da seleção sub-19, agora é só investir, investir e investir para assumir alguma função na seleção principal.

 

 

- Quando surgiu a oportunidade de ir para América do Norte para ser treinador?

Quando assumi as funções na Seleção Brasileira Sub-19 como treinador, o coordenador defensivo da seleção se chama Clayton Lovett, ele é norte-americano, tem uma experiência muito grande no esporte e ele quer qualificar todos os treinadores da seleção, porque ele já está morando no Brasil há alguns anos, ele tem uma empresa chamada CS Educacional que é especializada em fazer intercâmbio de brasileiros para participarem de equipes, principalmente de futebol americano, entre outros esportes, em território norte-americano e canadense. Então ele quer qualificar toda comissão técnica brasileira para quando for a Copa 2019, o Brasil se sair melhor. E dentro disso, no ano passado, ele me ofereceu a oportunidade de ir para a Universidade de Georgetown participar do spring practice. Então participei lá, passei quinze dias no mês de abril do ano passado. Aprendi muito, foi uma experiência enorme, botei no meu currículo e, com isso, quando esse ano chegou, decidi que queria mais do que passar apenas quinze dias, queria integrar mais a um programa de futebol americano, tentar mostrar minha capacidade e, lógico, aprender mais. Então o procurei novamente esse ano e ele me ofereceu essa oportunidade de vir aqui para o Canadá, pro RICC (Royal Imperial Collegiate of Canada). Não pensei nem duas vezes, falei com a minha mulher e ela aceitou. Estava completando cinco anos de serviço público e com cinco anos você tem direito a uma licença para qualificação. Eles aceitaram a minha licença e pronto. Vim para cá, estarei aqui até dezembro e a expectativa é só aumentar conhecimento, aumentar as minhas capacidades e, lógico, ganhando um espaço para no futuro, quem sabe, viver só de futebol americano.

 

- Como tem sido viver em um país como o Canadá e conhecer diferentes lugares dos Estados Unidos, já que os Royal Imperial Knights tem um programa totalmente voltado para a temporada nos EUA?

Tem sido um sonho viver em um lugar como o Canadá. Primeiro vou falar por fora do futebol americano. É um país que tem tudo o que procuro para mim, porque estou casado há dois anos, estou com uma filha recém nascida, então, assim, é um país em que posso dar tranquilidade, qualidade de vida, saúde e educação, tudo do bom e do melhor para a minha filha, consigo ter uma tranquilidade, uma paz no meio da rua, sem ficar preocupado como no Brasil. Agora, voltando ao futebol americano, você está no berço do esporte mundial. Aqui você vê por todos os lados as crianças praticando esportes, brincando, não existe preconceito de "ah, que esse esporte é bom, esse não", todo esporte é esporte, todas as crianças querem brincar, toda criança quer fazer atividade física, não é como no Brasil que só presta se for futebol, só dá dinheiro se for futebol, se for esporte "X" é esporte de gay, é esporte de pobre, como o povo diz, por exemplo. Aqui não tem essas besteiras, esporte é esporte e tudo mundo abre espaço para tudo mundo. Enfim, a gente tem viajado todo final de semana, são muito duras essas viagens, porque são sete, oito, ou nove horas de viagem de ônibus, toda sexta-feira a gente faz essas viagens para jogar sexta-feira a noite ou no sábado ao meio-dia. Quando termina o jogo e a gente já volta para a casa, é cansativo passar por imigração depois de ter jogado por horas, às vezes ter se machucado, enfim... Mas é o sonho que todo mundo tem, todo mundo volta para casa feliz. A gente vai às escolas, somos recebidos como astros, as crianças vem falar com a gente, vem tirar foto com a gente, seja treinadores ou atletas, abraçar a gente... E para parte de vivência, estou conhecendo um bocado de lugares nos Estados Unidos. Nessa primeira parte, antes da semana de BYE, vão ser seis jogos, sendo que são cinco semanas, porque o primeiro foi pré-temporada e, assim, está ótimo. Já fui para Kentucky jogar contra Johnson Central, fomos para Columbus jogar contra St. Francis de Sales, fomos até o Texas, na cidade de Tyler, enfrentar o Brook Hill School, semana passada a gente foi para New Jersey enfrentar HUN High School, em Princeton, e esse final de semana a gente está indo para Cincinnati enfrentar a escola de Winton Woods. Então, assim, está sendo fantástica a experiência.

 

- Como foi a recepção dos alunos e dos outros treinadores? Qual função/cargo você tem desempenhado no programa da Royal Emperial Collegiate Of Canada?

Pelos treinadores, eles ficaram muito felizes de receberem um treinador a mais, pois o nosso coaching staff é pequeno, mas, assim, sempre no primeiro momento você repara aquela dúvida "o que ele sabe fazer?", enfim... Com o passar do tempo eles foram abrindo mais espaço. Os alunos foram do mesmo jeito, eles pensam assim "pô, os Estados Unidos é a terra do futebol americano, o Brasil é a terra do soccer. O que um brasileiro está fazendo aqui?". Eles ficaram meio inseguros com a minha presença no primeiro momento, mas nossa equipe tem sete brasileiros, então eles acabaram abaixando a tensão, eles já me conheciam, sabiam do que era capaz e, conforme fui mostrando meu trabalho, os outros foram começando a me aceitar também. Só que algumas vezes as pessoas ficam em dúvida, então tenho que mostrar o que realmente sei fazer. Como no treino de ontem (dia 12 de setembro), por exemplo, que precisei dar um tackle em um jogador para fazer o pessoal entender que sabia o que estava fazendo. Tanto que dei o tackle, e o pessoal fez "WOW!", ficou aquele alvoroço, mas, enfim, foi necessário e, a partir daí, começo a ganhar respeito.

Está todo mundo muito feliz com meu trabalho no momento, estou feliz com meu desempenho, a cada dia estou ganhando mais espaço. Quando cheguei aqui, cheguei para ser apenas o assistente de ataque com wide receivers, só que aí o time estava sem treinador de especialistas, então fui e mostrei meu conhecimento, mostrei algumas jogadas que conhecia da época de Georgetown e que criei no meu time, o treinador aceitou e falou que eu seria treinador de special teams também. Com o passar dos dias, vi que os linebackers estavam com alguns problemas e disse "treinador, conheço isso aqui sobre linebackers, trabalhei com os melhores do Brasil e se possível queria fazer esse trabalho". Comecei a fazer o trabalho, ele gostou e agora também estou aí nessa terceira função que é a de treinador de linebackers. Então sou treinador de wide receivers, coordenador de especialistas e treinador de linebackers.

 

- Muito se fala que as pessoas também podem aprender muito enquanto ensinam. No seu caso, o quanto ir para um lugar tão diferente e ter contato direto com pessoas as quais desde pequenas convivem com o futebol americano tem agregado ao seu conhecimento?

Desde o momento em que decidi usar isso como uma qualificação para meu trabalho, mesmo sabendo que viria para ensinar e passar um pouco do meu conhecimento, sabia que viria mais para aprender, porque no Brasil trabalho com futebol americano há quase dez anos, mas tem muita coisa que a gente acaba não sabendo, afinal não é da nossa cultura, não é da nossa base. Quando estamos na reunião para montar os treinos, o treinador diz "quero que você faça para tal posição", no caso para wide receiver, que era o que eu estava trabalhando no primeiro momento. Enquanto montava o treino, ele sempre chegava e dizia "olha, eu quero que você dê enfoque no trabalho de braços deles, em como ele vai se livrar do adversário, por exemplo, se a jogada é 'Y', ele tem que se livrar do adversário fazendo inside release, que é vindo para dentro do campo, se a jogada for 'X', ele tem que fazer o outside release, que é para fora, ou para ele ficar livre, ou para ele só abrir espaço para outro jogador...". Esses detalhes, quando a gente está no Brasil, a gente não percebe a importância disso ou então a gente realmente não sabe. Essa questão de ir por fora e por dentro, inside release e outside release até tinha conhecimento, mas outras exigências, como a movimentação de braços que ele cobrava na hora de fazer o corte, entre outras coisas, passavam despercebidas. Então são essas pequenas coisas que, mesmo a gente ensinando, a gente vai aprendendo diariamente.

 

- Quais são as diferenças culturais relacionada a esportes mais significativas em comparação ao Brasil que você tem notado?

A principal diferença cultural aqui é o incentivo que os meninos tem das suas famílias, porque as famílias veem o esporte como porta de acesso para uma educação de qualidade em uma universidade. No Brasil a gente sabe que isso também existe, mas não tem muito apoio. O pai, se o seu filho não tem condições de ser um atleta profissional, ele simplesmente decide o que o filho vai estudar ou trabalhar. Aqui não, aqui os pais se dedicam mesmo. Hoje a gente está com um elenco de 40 atletas, sendo 13 canadenses e 27 estrangeiros, pais do mundo todo viram uma oportunidade do seu filho crescer e investiram nele para ele vir jogar futebol americano aqui e tentar bolsas de estudo nas universidades norte-americanas e canadenses para garantir o futuro. E, assim, em algumas situações, os pais querem mais que os filhos sejam atletas do que os filhos mesmos, eles se sentem pressionados. Então a cultura do esporte aqui é muito grande, todo mundo sabe a importância que ele tem para vida da criança e desde novo eles começam a incentivar. Os jovens são praticamente produzidos para serem atletas aqui, eles nascem e são incentivados a serem atletas. Lógico, no meio do percurso têm suas diferenças particulares de corpo, diferenças de vontade de cada um, e acaba que uns não se desenvolvem tanto quanto outros, mas o incentivo aqui é a principal diferença que vejo em relação ao Brasil.

 

- É um desafio maior trabalhar com jogadores ainda bem novos? Ou, apesar de ainda estarem no high school, a maioria é bem disciplinada e dedicada?

Na realidade, não chega a ser um desafio maior. No meu caso, ele acaba sendo muito mais fácil de trabalhar aqui do que no Brasil, porque, como disse anteriormente, os alunos aqui tem essa visão da importância que o esporte tem para a vida deles então eles chegam aqui se dedicando muito. Claro, um ou outro, como em tantas outras situações, não tem essa vontade, mas são exceções, a regra é todo mundo se dedicar, todo mundo respeitar, e todo mundo dar atenção a você. No Brasil é muito mais difícil, porque a gente trabalha com pessoas que estão tirando dinheiro do próprio bolso, que trabalham na maior parte do dia e o futebol americano, lógico, é competitivo, mas também é um lazer para eles, e que você tem que medir as palavras, medir o que você vai fazer, porque, tipo, para o cara chegar até você e dizer "olha, não estou aqui de obrigação, estou pagando para estar aqui, estou ajudando. Se for para ficar reclamando, vou embora para casa e abro mão do time" e ferrou. Então, assim, no Brasil a gente trabalha muito com isso de o cara faltar e não ter culpa disso, afinal ele tem outras obrigações. Aqui não, a molecada é toda dedicada 100% ao futebol americano. Os meninos estão todo dia aqui, eles moram na escola. As aulas começam 8h15, eles têm que acordar às 7h para tomar café da manhã. Isso no período de aulas, que vão até às 13h. Às 11h tem o intervalo do almoço. Às 13h45 eles vão para o campo começar o treino que vai até às 16h, quando o ataque sai de campo e vai direto para a academia para malhar. Às 17h chega a defesa para malhar. Às 18h param para o jantar. Às 19h tem team meetings com linebackers, especialistas ou ataque, de acordo com a necessidade da semana. E é isso aí todo dia. Os meninos ficam felizes, porque foi isso o que escolheram para a vida deles e eles têm o maior prazer de fazer isso.

 

 

- Os jogadores se preocupam com o desenvolvimento dos outros que apresentam mais dificuldades além de se preocupar com o coletivo? Ou a possibilidade de ser recrutado por uma universidade cria um ambiente competitivo com pessoas querendo se destacar individualmente?

Essa é uma questão bem complexa, então vou tentar simplificar. Não sei se vocês conhecem, mas existem sites especializados em recrutamento que dão nível de meia estrela até cinco estrelas para avaliar os atletas, e as universidades ficam procurando esses caras. A gente tem alguns atletas de alto nível, que tem três estrelas e meia, como um de nossos defensive end, um wide receiver e um defensive back. A gente tem alguns outros entre duas e meia e três estrelas, enfim... Esses caras, teoricamente, eles são mais dedicados, eles querem que o time cresça porque há a chance dele elevar o nível de estrelas e receber propostas de universidades maiores. Isso faz com que eles puxem o desempenho de outros atletas também. Mas, tipo, chega uma hora do jogo que se o time não estiver rendendo, isso dentro do jogo, eles "ah, dane-se o resto do time. Quero fazer os meus highlights". Então, assim, isso aconteceu com a gente nos primeiros compromissos da temporada, porque os jogos começavam duros, começavam a surgir algumas lesões e a gente tem um elenco reduzido de 40 atletas apenas, enquanto outros times que a gente enfrentou tinham 50 e tantos jogadores. Aconteceu que no meio do jogo alguns caras fizeram isso, o que é ruim para gente como treinador, porque quando aceita participar de uma prep school como essa, a gente está pensando em fazer o programa crescer, conseguir bolsas e mostrar nosso nome para futuramente ser convidado para programas maiores, high school maiores ou, quem sabe, colleges em divisões menores para ir subindo até chegar ao nosso objetivo maior que é um dia alcançar o college D1 ou talvez a NFL e CFL, que são o topo do mercado do football. Então, assim, a gente fica triste quando acontece isso, mas é a realidade. Acontece. Dentro do treino, durante a semana, é um puxando o outro, eles querem que o time esteja todo na academia, mas na hora que fura é cada um por si e deus por todos.

 

- Quais são suas expectativas para a sua carreira? O que você deseja para o futuro?

Como disse no começo, meu objetivo sempre foi chegar à comissão técnica da seleção brasileira para poder participar de uma copa do mundo e tudo isso, só que a partir do momento em que cheguei aqui, vi a possibilidade de ter uma vida no FA, me profissionalizar no FA e, quem sabe, virar treinador. Então é isso que estou correndo atrás agora, estou mostrando todo meu trabalho e todo meu empenho. O meu intuito é ver se sou contratado para voltar ano que vem, ainda não sei dizer se vai acontecer ou não vai, é muito cedo. Acho que lá para o final da temporada, dependendo de como for o desempenho do time e dos treinadores durante o ano, o diretor da escola vai pensar em renovar o contrato dos treinadores ou convidar novos treinadores, enfim... Estou como voluntário e não recebo nada, mas quero muito poder ficar aqui. Se ficar, sinceramente, abro mão do meu trabalho aí no Brasil e venho para cá com família, com filha, com todo mundo, porque a qualidade de vida que posso oferecer aqui, a tranquilidade, enfim, o crescimento profissional que posso ter aqui não tem comparação. Esses são os meus objetivos. Primeiro, a seleção brasileira. Segundo, ser contratado aqui e viver de só de futebol americano e, a partir daí, a gente pensa em novos objetivos.

Comentários

muito legal a história do armando! inspiradora!

Muito legal essa história do Armando. Acompanho a do Barandas também. Acho que vocês nem estão percebendo mas estão fazendo entrevistas épicas. Daqui a 30 anos quando alguém quiser saber como começamos a levar esse esporte a sério vocês serão fontes de pesquisa. 10 Jardas e No Flags estão de parabéns. Notícias, informações, opiniões e diversão. Melhor site sobre Futebol Americano da Internet brasileira.

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