Punts – Coberturas Alternativas

Futebol americano é um jogo de ação e reação.

De tempos em tempos, algum coordenador ofensivo acha uma fórmula para combater determinado estilo defensivo, e todos os times passam a usá-la. Daí é a vez de algum coordenador defensivo achar um jeito de combater essa fórmula, o que passa a ser tendência dentro da liga.

Assim os esquemas ofensivos / defensivos evoluem.

Nesse momento estamos vendo os ataques aéreos se tornarem determinantes no resultado das partidas e do campeonato, pela utilização do esquema SPREAD, e do aproveitamento de recebedores com uma combinação de talento e atributos físicos fora do normal como Calvin Johnson (WR – Lions) e Rob Gronkoswi (TE – Patriots).

O que as defesas podem fazer para retomar o pulso do jogo?

Vamos esquecer o SPREAD por enquanto e concentrar em coberturas defensivas que podem funcionar contra esses atletas fenomenais.

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Coberturas Mistas

Nós já falamos algumas vezes sobre as coberturas defensivas tradicionais: homem-a-homem (Cover 1 ou 0) e zona (Cover 2, 3 ou 4).

Mas a vida dos ataques na NFL não fácil! Os coordenadores defensivos podem também misturá-las a seu bel prazer, dificultando a leitura do Quarterback antes do SNAP.

O mais comum quando isso acontece é usar um tipo de um lado do campo e outro no lado oposto, mas também é possível combinar marcação especial a um certo jogador de ataque, enquanto outros defensores ocupam zonas.

Os esquemas abaixo não são formais, pois essa mistura varia de time para time (bem como sua nomenclatura), foram apenas algumas experimentações que eu mesmo fiz.

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Combate ao Megatron

Calvin Johnson (WR – Lions), também conhecido pelo apelido deMegatron, representa um problema sério para as defesas, que dificilmente têm em suas unidades Cornerbacks capazes de equipar a relação tamanho / velocidade dele, praticamente inviabilizando a marcação homem-a-homem.

Ela pode até ser usada em certas ocasiões, mas não como norma contra ele, que pode usar qualquer rota da árvore.

O que fazer então? Ajustar o esquema para limitar sua participação na partida, ou seja, seguir o dogma preferido de certos treinadores: concentrar a cobertura, para em 1º lugar, combater o maior perigo com que um determinado adversário te ameace.

Os desenhos abaixo levam em consideração:

Formação ofensiva: PRO SET (com o Fullback)

Calvin Johnson alinhado no WEAKSIDE

Tight End alinhado no STRONGSIDE

Defesa Base: 4 x 3

Pressão ao QB somente pela linha defensiva, sem o uso de BLITZ

O 1º deles chamei de Cover-5, onde misturei coberturas homem-a-homem com zona.

Do lado esquerdo da figura (STRONGSIDE), os defensores estão utilizando as zonas como na Cover-2, enquanto do lado direito (WEAKSIDE), o Cornerback faz marcação homem-a-homem em Megatron, cabendo ao Safety ler sua rota para definir se o espera pelo meio, ou se junta ao CB na lateral do campo.

Afastei o Cornerback 5 jardas da linha de Scrimmage, dando a impressão que ele recuaria para umCover-4, o que poderia induzir o Quarterback a um passe curto, menos perigoso, ainda mais com oCB preparado para aguardar um pouco no FLAT.

Qual a vantagem sobre uma marcação individual tradicional? A possibilidade de combater Calvincom 2 jogadores e ainda estar com o resto da defesa montada para limitar as ações dos demais jogadores.

No 2º desenho, que chamei Cover-6, e é bem mais comum de ser visto nos jogos, estão combinadas 2 defesas zonas Cover-2 e Cover-4.

A idéia seria optar por uma cobertura ainda mais efetiva em situações claras de passes longos, como por exemplo num 3º DOWN faltando entre 10 – 15 jardas para se obter nova série de descidas.

Assim, o Cornerback pode achar um melhor posicionamento em campo, e de repente até, forçarJohnson um pouco mais para o meio, onde teria ajuda do Safety.

A diferença entre as 2 é sutil, e a idéia é dar aos defensores a maior chance possível de anular o adversário, dependendo de cada situação de jogo.

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Efeito Gronkowski

Quando Rex Ryan assumiu o cargo de HEAD COACH do New York Jets, ele definiu que sua prioridade seria combater o esquema SPREAD que o New England Patriots usava na época abrindo espaços no campo para que Wes Welker (WR) explorasse os FLATs e SLANTs e Randy Moss (WR) o fundo do campo.

Ryan conseguiu levar vantagem no confronto contra Bill Belichick (HC – Patriots) ao usar um complexo esquema de BLITZES, limitando o uso de certas rotas preferidas pelo time de New England.

A resposta de Belichick? No Draft 2010, ele buscou 2 Tight Ends que viriam a desmontar esse tipo de defesa: Rob Gronkowski e Aaron Hernandez.

Uma combinação de talento e versatilidade, capaz de explorar os buracos no campo deixados pelas BLITZES, e no caso de Gronkowski, ainda participar ativamente no esquema de proteção àTom Brady (QB – Patriots).

Até o momento, os coordenadores defensivos ainda não conseguem dormir tranquilamente antes de enfrentar Brady e Cia, mas em breve veremos algum antídoto que possa pelo menos forçar osPatriots a buscarem outras alternativas ofensivas.

Um deles pode ser o abaixo, que considera os seguintes princípios:

Formação ofensiva: 2 Tight Ends, com o 2º deles alinhado no SLOT (Aaron Hernandez)

Rob Gronkowski alinhado no STRONGSIDE

Defesa Base: 4 x 3

Pressão ao QB somente pela linha defensiva, sem o uso de BLITZ

Chamei o esquema de Cover-7, combinando zona (Cover-2 e 4) com homem-a-homem disfarçado.

No lado direito, 3 defensores ocuparão as áreas tradicionais da Cover-2 para tentar controlarHernandez e o Wide Receiver daquele setor.

Já no lado esquerdo, o Cornerback e o Linebacker externo ocupariam zonas típicas da Cover-4, sem esquecer que tem um outro Wide Receiver por ali, enquanto o Safety e o Linebacker interno teriam como principal responsabilidade ler a rota de Gronkowski, e então buscar o melhor posicionamento para defendê-la.

Nada disso é fácil, e toda cobertura defensiva tem buracos a serem explorados.

Ainda assim, estou curioso demais para ver na temporada 2012 se algum time trará alguma inovação defensiva, equilibrando novamente a balança de forças da NFL.

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